Seu sobrenome longo é herança de um bisavô suíço que se casou com uma mulata carioca no século XIX, a artista mineira Rivane Neuenschwander tem 40 anos e 16 de carreira, movida por questões contemporâneas distantes da identidade verde-amarela, ela participa em média de quatro exposições internacionais por ano. Na ala dos novos, é hoje um dos nomes nacionais de maior evidência no Exterior.
Para uma mostra italiana, por exemplo, a artista está levou uma instalação chamada Globos, um conjunto de bolas esportivas de tamanhos variados, desde as de pibolim até as de basquete, que são distribuídas no chão uma sala, e sobre as quais ela pintou e afixou fitas adesivas, reproduzindo em cada uma a bandeira de um país, pretendendo então questionar a geopolítica mundial, trazia também um lado lúdico e outros tipos de envolvimentos.
Na XXIV Bienal, que ocorreu em 1998, ela mostrou que através de um emaranhado de coisas insignificantes, podemos entrar no real e descobrir que nos matérias do mundo se escondem metáforas de nossas angústias, de nossas certezas e de nossos medos. O trabalho complexo de Rivane é um exemplo lúcido de tudo isso. Numa de suas instalações, Rivane construiu duas habitações idênticas, perfeitamente cúbicas e brancas, com plásticos auto-adesivo, medindo 50x50cm tanto nas suas paredes como no chão, e nestes foram grudados pó e outros restos, como migalhas de
Assim como ocorreu na 27ª Bienal de São Paulo, Rivane recebe um convite para mostrar novamente o seu trabalho 28º Bienal, que consiste em máquinas de escrever modificadas, onde as letras são substituídas por pontos, e os números continuam inalterados. Este trabalho tem como idéia central a interação do espectador com a obra. Mesmo sabendo o que estamos escrevendo, a menos que as mensagens sejam “construídas” por números, vírgulas, etc., somos privados da leitura das palavras, o que proporciona vários níveis de comunicação, o que interessantíssimo para a mostra “em vivo contato” desta 28º Bienal.
As maquinas de escrever são colocadas em cabines (módulos individuais) de MDF e espalhados em uma estrutura expositiva e os papéis são oferecidos ao público para serem usados como de um meio de expressão. Os visitantes podem criar mensagens indecifráveis, o que favorece a “leitura coletiva” e, ao mesmo a mensagem para o “individuo”, usando como subterfúgio do desenho a própria elaboração de palavras, sem um começo, meio e fim, porém, com um poder de comunicação direta e reconhecível. Em seguida, os papeis são pregados em um painel de feltro verde, permitindo uma leitura ampla e coletiva, estabelecendo uma narrativa aleatória das mensagens deixadas ao público, aguçando nossas percepções sensoriais.
Em contraposição ao trabalho anterior, Rivane apresenta na mesma Bienal, relógios de Flipar também modificados, estes apresentam números que viram pontos, círculos ou zero. As letras indicando o dia da semana e o mês continuam inalteradas em alguns modelos, e neste caso o tempo não conta, um instante é igual ao outro, tirando idéias impostas ao ser cognitivo, tais como barreiras de tempo, espaço e significados. Os relógios estão espalhados em todo pavilhão da Bienal, bem como nos lugares ligados à mostra, como restaurantes ou hotéis selecionados para hospedar artistas, curadores, etc., estendendo, desse modo, o espaço para além do tempo.
Rivane é assim, versátil, trabalha com materiais simples, trabalha não só o seu, mas os nossos sentidos, interagindo, criando possibilidades, apresentando ao espectador aquilo que os circunda, tornando a questão da linguagem o ponto central de suas obras. Como outras pessoas então envolvidas no processo de elaboração de suas obras, cria-se uma ambigüidade a questão de sua assinatura ou autoria. O próprio público tem grande participação através da afetividade de suas obras. Rivane faz em media quatro exposições por ano, incluído outros paises, isso se da ao seu ótimo trabalho que tem realizado no mundo contemporâneo e, com certeza, é uma das artistas mais reconhecidas em nossos tempos.
Bienal, Fortes Vilaca, Itaú Cultural, reportagem Estadão, UOL
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